Vânia Moreira Diniz
O Mês de junho sempre foi um dos mais eletrizantes de minha vida. Estávamos ali no meio do ano, quase em férias, os fogos estourando, principalmente à noite, quando todos se reuniam para comemorar cada dia daquele período. Meu pai nascera em junho no mesmo dia da comemoração tradicional e essa festa deixava em meu coração uma alegria irresistível porque tudo era regozijo nessa época distante, mas sempre muito nítida.
Os fogos eram os mais variados e subiam pelo céu azul de Copacabana fazendo rabiscos diversos e formando figuras as mais fascinantes. Quando fixava os pontos já indistintos que se evaporavam no firmamento e submergiam no infinito experimentava uma sensação estranha de que tudo se perdera no nada. E que as imagens de fogo tinham descansado no meio das estrelas.
As noites de junho eram frias e belas e mesmo naquela rua barulhenta e entre muitas pessoas que visitavam a minha casa eu sentia uma estranha paz.
E as quadrilhas improvisadas, as comidas típicas e o quentão característico daquele dia esquentavam o corpo e aqueciam de ternura o coração.
Ainda havia lugar para essa sensação e parece que tudo se foi com o tempo que passou, levando-nos o direito da tranqüilidade, confiança, certeza da solidariedade e verdadeira bondade.
Dia 24 vem chegando nessa madrugada e já ouço barulho lá longe abafado e pergunto-me com dor no coração se são os fogos comemorativos ou algum tiro perdido de disputas, brigas ou inconseqüência.
Nunca poderia esquecer as festas no fluminense, fantasias estilizadas, a doçura do ambiente, a alegria expressa em cada rosto, animação que ia até pela manhã e cujo final nos entristecia.
A tecnologia foi tomando conta do mundo inteiro, hoje nos comunicamos com o outro lado do universo e podemos receber uma resposta a uma mensagem em poucos segundos, talvez seja difícil o encontro personalizado, olhos nos olhos, mãos dadas passando o calor do sentimento e as repetidas reuniões das pessoas amigas.
Hoje é dia de São João e de qualquer forma, vemos crianças animadas, esperando o grande dia e se divertindo como a claridade dos fogos do outro lado da cidade. Crianças mais amadurecidas pelas cenas de violência que presenciam, e menos lépidas pelos divertimentos sem a correria e brincadeiras de outros tempos porque o controle remoto as espera para se divertirem comodamente.
Na verdade o espírito de São João, data sempre esperada e curtida continua a fazer seus efeitos em todas as pessoas especialmente nos pequenos. Voltamos aos tempos de infância e adolescência, tentamos esquecer os últimos acontecimentos e usufruímos aquele prazer ao ar livre, sentindo a sonora risada de todos e perguntando-nos se não é ali que buscamos a energia e animação, cada vez mais longe e tão necessária à manutenção da vida e da felicidade.
São João é uma festa típica brasileira, que por mais que os anos passem e mentalidades mudem não esqueceremos o prazer de vivê-la com intensidade. As danças, as músicas reinventando o interior do país, onde se divertem todos em deleite, unidos esquecidos de quase tudo que não seja aquele momento. Esse é o verdadeiro encanto de Junho vivido especialmente no dia de são João de divertimentos lúdicos inesquecíveis.
24-06-2009
Vânia Moreira Diniz
Escrevemos juntas porque nos amamos, porque gostamos de visitar o antigo espaço de nossa infância, porque participamos dos mesmos anseios. As pessoas dirão: como os mesmos anseios? Temos como resposta, que a irmandade nos trouxe isto: os sonhos se misturam, as saudades são comuns. Finalmente queremos dividir tudo isto com nossos mais caros amigos.Espero que gostem. Deixem comentários. Com carinho. Cristina e Vânia.
adorável saber que na capital fluminense curtias as festividades juninas com familiares e amigos. Belo texto manamiga Vâninha traz tua marca de inesquecíveis momentos.
ResponderExcluirabraços de estima e admiração tua agradecida aflilhada e amiga virgínia
Mana, festas lá em casa eram inesquecíveis. Podemos reviver aquele alegre ambiente por sua descrição tão emotiva e tão real. beijão
ResponderExcluirVânia querida
ResponderExcluirPara mim, que sempre fui uma festeira, junho era maravilha pura. Muito bom seu texto nos manter nas tradições importantes de nossa terra. Fora com a violência!
Beijos
Maizé
Irmãs escritoras, Vânia & Cristina
ResponderExcluirParabéns pela idéia de escreverem juntas esse blog, tão belo em tempos em que se ve familias se desintegrando ver irmãos tão unidas e tão próximas assim...
Também tenho lembranças maravilhosas do tempo da minha infância e de fogueira de São João, Santo Antonio e da malhação do Judas - gostava especialmente de malhar o Judas, não é díficil entender né, afinal, crianças gostam mesmo é do agito!
Teu texto me trouxe lembranças bacanas e me inspirou, mais tarde, posto alguma coisa em meu pequeno espaço falando sobre isso.
Amei vir aqui, conheci-o através do blog da Vânia.
Abraços!
A blogosfera é um multiuniverso mesmo fantástico...