domingo, 15 de julho de 2007

Saudade

Vãnia Moreira Diniz

Falar em Saudade é rememorar momentos que já se foram deixando-nos um gosto salpicado de ternura.E vendo a Cris, minha irmã, saudosa, cantando seus sentimentos em tão belo poema, acompanho-a nesse ritmo que me leva aos tempos de nossa infância.
Os doces momentos surpreendentes em expectativa, uma característica fascinante de nosso pai, a algazarra tão própria de uma casa onde são criados muitos irmãos, o movimento da rua movimentada de Copacabana, as brigas infantis, o aprendizado, as conversas em torno da mesa festejada, a alegria das reuniões freqüentes, e o calor de cada coração reunido.
A saudade então bate de uma maneira quase insustentável e fico pensando em cada rosto saudoso, longe pela distância física e geográfica e cada um com seu próprio destino. Isso sem falar das perdas irremediáveis pelo caminho.
Sim, muitos chegaram também. Com sua esperança, luz, sonhos carregando talvez o mesmo tipo de pensamento que nós tínhamos, de crescer o mais depressa possível. E nesse passo célere que queríamos empreender carregávamos nossos ideais que era o estandarte mais forte quando divisávamos o futuro.
Muitas vezes, não compreendíamos porque tudo era tão importante naquele momento.Decisivo e profundo, enormemente rico em suas estruturas e por vezes dolorosamente incompreensível em sofrimentos pungentes e marcantes! Mas tudo fazia parte de uma estrutura de tempo e de vivência que não voltaria jamais.
Recordo, dos risos e das lágrimas tão intensos quanto absorventes, e que naquele momento não sabíamos o verdadeiro e intrínseco valor e o quanto iríamos sentir falta a cada minuto, de cada instante,que experimentávamos sem entender sua devastadora proporção.
Hoje a saudade nos visita impiedosa, e divisamos o panorama além, com outros olhos, mas contendo o brilho que conservamos, ante o quadro que foi duradouro e valoroso. Tivemos, é certo nossos momentos de conflitos, incompreensões, inseguranças, tristezas e dores latejantes, mas fazia parte de uma paisagem natural, dentro do escorrer da própria vida.
No caminhar progressivo, dessa estrada transbordante de acontecimentos inesperados,aspiramos que essa saudade seja o doce elixir a nos recordar acontecimentos envolventes que, ficaram adiante, e que a par da saudade ansiosa possa nos trazer sempre recordações que preencherão nossos passos de doçura na recordação de momentos especiais.
A saudade predispõe às lágrimas, porém nos trazem sorrisos que permanecerão sempre indeléveis em nossos lábios, porque são frutos de sentimentos que estarão marcados em nosso coração, suavizando os dias difíceis e se incorporando à felicidade ou às alegrias, que fizerem parte da riqueza interior que usufruiremos a cada dia.
Saudade, de ontem, de hoje e de daqui a pouco, entretanto uma esperança para vivermos o agora, com mais intensidade, confiança e fé.

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